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Em meio à pandemia Covid-19 temos de forma exacerbada a percepção de que muitos pais veem na instituição que escolheram para o processo de escolarização de seu filho apenas um lugar em que este irá aprender somente uma série de conteúdos da forma mais lúdica,  esquecem que a escola deve ser muito mais do que isso.

Ligações e e-mails com cobranças e desaforos, muitas vezes sem levar em consideração que são pessoas do outro lado que recepcionarão as mensagens. A escola nunca afirmou ter as respostas para tudo, imaginemos agora, com tantas incertezas. Não sabemos quando o calendário será normalizado, nem quantos sábados teremos como letivos, muito menos se as aulas irão extrapolar o calendário civil. Neste momento, as instituições que optaram pela manutenção das atividades através do ensino remoto emergencial (ERE), respaldadas pelas normativas e decretos de órgãos competentes (MEC, CNE, CEE), com o olhar voltado para manutenção de conteúdos pedagógicos dentro das restrições que o isolamento social nos impõe; com o olhar voltado para a preocupação social em manter a rotina da criança, mesmo que on-line, em contato com a professora e colegas; preocupadas com sua função social de educar; se veem acusadas de usurparem de poder econômico em não reduzir suas mensalidades, e quando o fazem, sempre há o questionamento de que não houve razoabilidade na decisão.

Ameaçam e retiram seus filhos da instituição, solicitando das mais diversas formas o que na verdade configura-se como transferência e pode culminar no ter que repetir o ano letivo nos termos da lei, além da responsabilização às famílias, pois as crianças de 04 a 17 anos possuem obrigatoriedade de frequência mínima e/ou avaliações escolares.

Pressiona-se inferindo que as escolas deveriam reduzir no mínimo de 50, 60, 70, 80 porcento seus valores de mensalidade, mas não se considera que a folha + encargos trabalhistas + impostos e taxas (federais / estaduais / municipais)  podem consumir até 80% das receitas escolares a depender de sua configuração tributária. Argumenta-se que a MP permite redução de carga horária ou suspensão de contratos, mas não consideram que, mesmo que uma instituição tenha utilizado deste mecanismo, este impacto na redução da folha só se dará, no mínimo, para o caixa de maio (pagamento da folha até o 5° dia útil de maio). Não apuram que vários sindicatos de professores se colocaram contra ao uso da MP, impetrando dispositivos de inaplicabilidade. Esquece-se também nesta conta que os impostos não foram dispensados, só prorrogados, havendo necessidade de caixa para pagamento posterior.

Não é considerado também que a maior parte dos funcionários são professores, que continuam exercendo suas atividades, mas agora de forma atemporal, vez que suas horas aulas passam a ser distribuídas durante todo o dia em atendimento aos alunos e pais.

Exige-se compensações financeiras sem levar em conta contratos já firmados, plataformas on-line contratadas e hoje utilizadas, problemas que surgem com conexão, estrutura lógica e de hardware para os professores, além da necessidade de formação e de realinhamento e aprendizagem destes profissionais para a nova realidade on-line. Exige-se, sem contar também a própria inadimplência.

O grau de exigência, aversão e julgamento à instituição escolhida no início do ano letivo para acolher e ensinar aos seus filhos levará ao fechamento definitivo de várias instituições de ensino, aí nem teremos aulas, nem a pedagogia e nem os empregos.

Lembremos que a função social da escola está voltada para o desenvolvimento das potencialidades físicas, cognitivas e afetivas do indivíduo, não poupando esforços para capacitá-lo a se tornar um indivíduo ativo e justo dentro da sociedade. Precisamos lembrar ainda que cada escola é ímpar, e não deve ser vista de forma genérica, cada meio tem que ser vista de acordo com a sua história, com a sua cultura, colocando em pauta que cada instituição é única, e desta forma única abraça, acolhe e transforma o meio social em que está inserida. Mas se agimos de forma a destroçá-la, que meio social desejamos?

Atribui-se à escola as amarguras, julgamentos, ensejos de vingança contra um inimigo invisível que não foi moldado e nem criado pela escola. A escola não é o inimigo, ela é e sempre foi e será uma aliada das famílias. Hoje temos salas vazias, corredores silenciosos e esperança do porvir. Quando a nova normalidade se estabelecer, os mesmos que hoje apedrejam, serão desejosos deste ambiente que abraça, acolhe e transforma, pois será necessário ao se reestabelecer as rotinas sociais.

No mais os profissionais que nestas instituições atuam, sejam professores, auxiliares ou equipe de apoio, merecem os nossos aplausos. Que possamos resguardar nossas energias para o abraço de retorno, tão merecido e desejado.

Vital dos Santos Souza Junior

Consultor Empresarial

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