O número de famílias brasileiras com dívidas a vencer alcançou 74% em outubro, a 11ª elevação consecutiva. Já frente a outubro de 2020, o percentual de famílias endividadas é 8,1 pontos maior, fazendo desse o segundo maior crescimento anual da série histórica. Os dados são da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC), divulgada pela Confederação Nacional do Comércio.
Estar em dia com as contas é um desejo unânime. Mas como negociar melhor as dívidas ao receber um dinheiro extra, como o décimo terceiro salário? Cerca de 83 milhões de brasileiros vão receber o salário extra este ano, com valor médio de R$ 2.539, segundo o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese).
Nesta reta final de 2021, algumas dicas de como otimizar as negociações e melhorar os resultados podem ser um excelente presente de Natal e ser aquela janela de oportunidade que faltava para trazer tranquilidade para o próximo ano, permitindo começar 2022 com o pé direito, e o melhor: sem dívidas.
É importante entender que a negociação deve ser encarada como um processo estruturado, portanto a primeira sugestão é fazer todas as fases deste processo, principalmente quando se trata de um assunto importante que tenha alto valor, como uma dívida financeira.
O processo de uma negociação tem em sua essência três fases: preparação (antes), execução (durante) e controle (depois). Se o desejo é melhorar o resultado, deve-se melhorar o processo, ou seja, investir tempo e esforço de forma sábia em cada uma dessas etapas.
Alfredo Bravo e Glauco Cavalcanti, professores da Fundação Getúlio Vargas (FGV) recomendam que o negociador jamais deva entrar na negociação de uma dívida sem antes planejar e afirmam que essa é uma das partes mais importantes e muitas vezes negligenciada pelos brasileiros. Quando se trata de uma negociação de alto valor, normalmente o outro lado está preparado para negociar, portanto planejar é fundamental para equilibrar o poder das partes.
Os professores destacam 7 dicas importantes para negociar suas dívidas:
1 – Conheça o valor total das suas dívidas: listar as dívidas por ordem de atraso e urgência de pagamento pode ser um ótimo passo para solução do problema. Entenda quais dívidas geram juros mais altos porque provavelmente são essas que estão comprometendo sua renda mensal.
2 – Faça um balanço do seu fôlego financeiro: é importante saber quanto você ganha e quais são os principais gastos. Este estudo é fundamental para definir o que deve ser cortado do seu orçamento a fim de saldar suas dívidas. Ter os números em mãos lhe ajudará a pensar na melhor estratégia financeira.
3 – Monte o planejamento para negociação: sabendo o tamanho da dívida e seu fôlego financeiro mensal, fica mais fácil negociar com as instituições credoras. Mas antes é importante definir os 7 elementos do planejamento, que são: objeto, objetivos, interesses, alternativas em caso de não acordo, moedas de troca, campo da negociação e argumentos que serão utilizados.
4 – Negocie com os credores: após fazer o contato com os credores, solicite propostas para quitação do saldo devedor. Compare as condições apresentadas com todo seu planejamento e avance neste processo negocial utilizando argumentos baseados em critérios objetivos, ou seja, dados e fatos que convençam a outra parte.
5 – Troque dívidas mais caras por mais baratas: em caso de não acordo com os credores você poderá partir para portabilidade de crédito, ou seja, procurar instituições que ofereçam melhores condições de pagamento e assim transferir sua dívida. O objetivo é que pague juros mais baixos e crie um fôlego financeiro enquanto não consegue sair da dívida.
6 – Negocie suas contas de consumo: contas de telefone, internet, TV a cabo, anuidade do cartão de crédito e tarifas bancárias são gastos mensais que podem ser reduzidos quando praticamos a negociação. Enquanto negocia suas dívidas, esteja atento aos gastos mensais que podem ser reduzidos. Entenda que chegou a hora de sair do vermelho e todo esforço é válido neste momento.
7 – Corte os gastos desnecessários: de nada adianta negociar com os credores, reduzir as contas de consumo e manter gastos desnecessários. Neste sentido vale conscientizar toda família para um esforço conjunto. Vale fazer uma varredura dos serviços de internet, academia que está sendo paga sem uso e compras por impulso. O consumo mais consciente pode ajudar a família a voltar a ter equilíbrio financeiro.
“O final do ano é o período ideal para fazer o balanço da sua vida, rever hábitos e adotar novas práticas financeiras. Estudar mais sobre educação financeira e melhorar sua habilidade para negociar podem lhe auxiliar a atingir a paz que você tanto procura”, concluem os professores.
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