admvital

Menu
facebook_icon instagram_icon

Blog

Voltar
foto-post
<->

Em Elon Musk – Como o CEO bilionário da SpaceX e da Tesla está moldando o nosso futuro, Ashlee Vance traça um retrato preciso sobre como a personalidade de Musk – com suas qualidades e defeitos –, aplicada à forma como conduz os seus negócios, tem transformado os setores automotivo, aeroespacial e de energia solar. Entenda o que você pode aprender com ele.

Quem é Elon Musk

Ver a imagem de origemElon foi um dos principais expoentes da geração de jovens brilhantes que fizeram fortuna com a bolha das empresas “ponto com” nos anos de 1990. Em 1995, ele cofundou a Global Link Information Network, posteriormente rebatizada de Zip2, que originalmente se propunha a facilitar o acesso de empresas à internet, mas acabou se consolidando como desenvolvedora e licenciadora de software que operava como um guia metropolitano online. Pouco anos depois, em 1999, a Zip2 foi adquirida pela fabricante de computadores Compaq Computer por 307 milhões de dólares, dos quais Musk recebeu 22 milhões de dólares em dinheiro.

Ainda em 1999, Elon cofundou a X.com, uma empresa de serviços financeiros e pagamentos online, que, no ano seguinte, fundiu-se com uma competidora que havia desenvolvido um serviço de transferência de dinheiro (PayPal) mais popular do que aquele operado pela X.com. A companhia resultante da fusão passou a focar suas atividades no serviço de PayPal e, em 2001, a própria empresa foi renomeada para PayPal. No ano seguinte, a PayPal foi vendida ao eBay por 1,5 bilhões de dólares, cabendo a Elon o equivalente a 100 milhões de dólares.

Na sequência, Musk investiu (i) na Space Exploration Technologies Corp. (SpaceX), que fundou em 2002 com o objetivo de levar cargas e passageiros ao espaço por um preço significativamente inferior àquele praticado à época pelos principais atores dessa indústria, (ii) na Tesla, Inc. (Tesla), que se propunha a produzir veículos totalmente movidos por energia elétrica gerada por baterias de lítio-íon, e, a partir de 2004, assumiu papel ativo na empresa, e (iii) na SolarCity, que tem por missão desenvolver e vender sistemas de energia solar de baixo custo.

O resultado desses investimentos

Esses investimentos não foram realizados de maneira aleatória ou visando meramente a aumentar o seu patrimônio. Muito pelo contrário, de acordo com Ashlee Vance, Elon “via a internet, a energia renovável e o espaço como as três áreas que passariam por mudanças significativas nos anos seguintes e como os mercados onde ele poderia produzir um grande impacto”. Os acontecimentos do anos subsequentes mostram que tal objetivo foi alcançado.

Por exemplo, a SpaceX demonstrou que é possível construir foguetes reutilizáveis modernos e seguros por uma fração do custo incorrido por seus competidores e caminha para tornar os lançamentos ao espaço uma atividade econômica e prática. Já a Tesla não apenas transformou carros elétricos em um item de desejo, como ainda reinventou as formas de se vender veículos (não há concessionárias, mas sim algumas poucas lojas inspiradas nas famosas Apple Stores que cumprem a função de divulgação da montadora, dado que as vendas estão concentradas no website) e prestar assistência técnica (atualização do software dos veículos durante o carregamento noturno). Por sua vez, a SolarCity foi responsável por popularizar os sistemas de energia solar.

Além disso, as três companhias estão interligadas: a Tesla fabrica conjuntos de baterias que são vendidos pela SolarCity aos seus consumidores finais; a SolarCity produz os painéis solares que fornecem energia para os pontos de recarga gratuita da Tesla; a Tesla e a SpaceX compartilham “conhecimentos sobre materiais, técnicas de produção e as complicações de se operar fábricas que constroem muitas coisas a partir do zero”. Não fosse o bastante, a Tesla, a SolarCity e, especialmente, a SpaceX desenvolvem e aplicam tecnologias que convergem para a missão declarada de vida de Musk: “transformar humanos em colonizadores do espaço” – mais especificamente, “levar o homem a Marte”.

O impacto das empresas de Elon Musk

A SpaceX praticamente lidera a nova corrida espacial e a empresa já comprovou a capacidade de colocar cargas e pessoas com segurança no espaço por custo significativamente inferior ao dos seus concorrentes. Entre os fabricantes de veículos com ações negociadas em bolsas de ações, em janeiro de 2021, a Tesla era a empresa mais valiosa, com um valor de mercado estimado de mais de 770 bilhões de dólares, mais do que o triplo da segunda colocada. A SolarCity se tornou uma das maiores instaladoras de painéis fotovoltaicos dos Estados Unidos da América. Não bastasse, em abril de 2021, Elon Musk estava listado como a segunda pessoa mais rica do planeta, com um patrimônio estimado de 187 bilhões de dólares.

A partir do relato de Ashlee Vance, não é possível não creditar esse inquestionável sucesso à personalidade de Elon Musk. Para o autor da biografia, Elon reúne diversas características que, somadas, o diferenciam de todas as demais pessoas, com destaque para: (i) domínio de “conceitos de física difíceis em meio aos planos de negócios”; (ii) “habilidade incomum para descobrir um modo de transformar um avanço científico em um empreendimento lucrativo”; (iii) “capacidade de absorver quantidades incríveis de informação, recordando-as quase à exatidão”; (iv) capacidade de foco em objetivos diferenciado do restante das pessoas; (v) raciocínio hiper-racional e visão de longo prazo em situações de extrema pressão; e (vi) habilidade para “encontrar pessoas brilhantes e ambiciosas e atraí-las para suas empresas”. Sem esses atributos, Musk provavelmente não teria triunfado com recursos limitadíssimos em segmentos econômicos tradicionalmente dominados por empresas consolidadas e com amplo apoio governamental.

O risco dos negócios de Musk

Ao mesmo tempo, Ashlee Vance apresenta uma faceta de Elon que, embora igualmente determinante para se alcançar esse estrondoso sucesso em um período tão curto de tempo, também representa um risco para o futuro de suas companhias: o nível inclemente de exigência que ele impõe aos empregados para o cumprimento de metas e objetivos, empurrando-os aos seus limites físico e psicológico.

Na visão de diversos funcionários, Musk “tem dificuldades de considerar as emoções dos outros e de se importar com o bem-estar deles”. A forma como muitos empregados o descrevem revela uma mistura de admiração e temor reverencial: ao mesmo tempo em que veneram o seu comprometimento com os objetivos das empresas, consideram Elon uma pessoa extremamente rigorosa (ao ponto de ser simplesmente má), instável e capaz de demitir pessoas leais e esforçadas sem nenhuma justificativa razoável. Também é ponto comum a reclamação quanto à definição de metas e prazos sem aderência à realidade, os quais comumente levam a jornadas extenuantes de trabalho que podem facilmente chegar a 16 horas diárias. Outra questão identificada é o egocentrismo de Musk, que oblitera qualquer reconhecimento a contribuições essenciais de colaboradores de todos os níveis, sem os quais a SpaceX, a Tesla e a SolarCity não teriam alcançado o patamar em que se encontram. Com efeito, Elon não parece disposto a dividir a luz dos holofotes com outras pessoas.

Apenas para ilustrar o nível de comprometimento esperado dos empregados das empresas, Ashlee Vance narra que, certa vez, sob o argumento de erro na escolha de prioridades, Elon demitiu um empregado que optou por acompanhar o nascimento do primeiro filho em detrimento de atuar no evento de lançamento de um produto essencial da Tesla.

Considerações finais

Essas questões se tornam cada vez mais relevantes à medida em que surgem outras empresas na esteira da nova corrida espacial e da popularização de veículos elétricos. Com um número crescente de concorrentes no mercado, as mentes brilhantes da SpaceX e da Tesla podem se sentir tentadas a escolher trabalhar para outras empresas em prol de projetos igualmente instigantes, porém com lideranças menos tóxicas, maiores salários e melhores benefícios. Esse problema já existe e é descrito por Ashlee Vance, particularmente em relação à SpaceX, cujos empregados rotineiramente recebem propostas da concorrente Blue Origin.

Após a leitura da obra, a impressão que se tem de Elon Musk é que se trata uma pessoa que se entrega em um nível diferenciado para tornar as suas visões uma realidade e que cobra o máximo comprometimento das pessoas ao seu redor. Simplesmente não há espaço para a acomodação de desvios ou erros, porque há urgência no atingimento dessas visões. Ao estabelecer um nível de exigência provavelmente sem paralelo nos mundos corporativo e industrial, Elon Musk conseguiu orquestrar uma revolução de setores econômicos considerados tradicionais. Todavia, a dúvida que surge é por quanto tempo esse mesmo modelo de liderança será capaz de continuar impulsionando a SpaceX, a Tesla e a Solar City antes de a personalidade do próprio Musk se tornar uma ameaça concreta para a continuidade dos avanços promovidos por essas empresas.

Hugo Côgo é Associado I do Instituto Líderes do Amanhã.

Disponível em Instituto Liberal: https://bit.ly/30rYIHh

1 2 3 39

Fique por dentro!

Ver últimas postagens

Superendividamento e educação financeira: não existe bala de prata

Educação financeira só será possível com ação conjunta do mercado e do governo. Apesar de avanços, resultados não são imediatos O superendividamento é...

Saiba mais

Por que a educação financeira no Brasil ainda é tão deficitária?

Todas as pessoas em sociedade, sem exceção, lidam com o dinheiro. Não por escolha, mas porque é preciso. No entanto, ainda assim, a educação...

Saiba mais

Independência Financeira é Possível para Todos?

A renda baixa do brasileiro dificulta atingir essa meta, mas a educação financeira tem um potencial transformador A independência financeira...

Saiba mais
Precisando de ajuda?