O empreendedorismo é muitas vezes retratado como um caminho repleto de sucessos, mas raramente é evidenciado o lado invisível da moeda. Neste pequeno artigo, gostaria de explorar um aspecto menos abordado em nosso cotidiano: a depressão entre empreendedores. Ao pesquisar, através de uma metodologia exploratória, tive uma grande surpresa com a quantidade de respostas sobre como o estresse, a incerteza e as pressões únicas enfrentadas pelos empreendedores os levam a problemas de saúde mental.
Em uma pequena amostra com empreendedores conhecidos, mais de 84% disseram ter passado por problemas de depressão. Os fatores citados como gatilho foram os seguintes: ausência de perspectiva clara, solidão, incertezas quanto ao futuro, problemas financeiros, entre outros.
O item que mais foi mencionado foi a solidão. No mundo atual, com conexões instantâneas e disponibilidade de informações, me pareceu que este tema deveria ser mais bem explorado. Fui buscar a resposta: a pergunta que pautou minha investigação foi no sentido de evidenciar o que é esta solidão sentida. As respostas foram as mais diversas, mas entre elas foi citado o processo de tomada de decisões individualizado. Geralmente os empreendedores estão nas redes sociais, se relacionam com muitos outros empresários, mas, ainda, apesar de terem sócios, muitas vezes tomam para si toda a responsabilidade por traçar o futuro de seus negócios. Muitas respostas manifestaram um problema maior ainda: grande parte foca na operação do dia a dia, estando alheios às mudanças que ocorrem na economia e nas tecnologias, com baixo esforço em repensar e replanejar seus negócios. Muitos enfrentam desafios solitários, com decisões difíceis a serem tomadas sem um grande apoio ou colegas para compartilhar o fardo. Essa solidão leva a sentimentos de isolamento e tristeza.
A incerteza financeira é uma constante para a maioria dos empreendedores. A pressão para manter um negócio viável e rentável pode ser avassaladora. Essas preocupações financeiras freqüentes podem desencadear ou agravar a depressão. Atualmente, com a evolução galopante da tecnologia, potencializam-se novas incertezas sobre o presente e o futuro, impactando diretamente na sobrevivência de negócios. O sentimento muitas vezes é de impotência, descrédito em si mesmo, inatividade.
Todos sabem que o empreendedorismo é caracterizado por altos e baixos. O fracasso de um empreendimento ou projeto pode ser devastador para a auto-estima e o bem-estar emocional de um empreendedor. A dificuldade em lidar com o fracasso pode levar à depressão.
A prática de empreender é frequentemente associada a longas horas de trabalho e altos níveis de estresse. A síndrome de burnout, um estado de esgotamento físico e mental, é comum entre a classe e pode ser um precursor de um processo mais profundo de depressão.
Para combater este estado depressivo, é crucial promover a conscientização sobre a saúde mental no mundo dos negócios. Os empreendedores não são SUPER HOMENS ou SUPER MULHERES. Os mesmos devem ser incentivados a buscar apoio quando necessário, por meio de terapia, grupos de apoio ou outras fontes de ajuda.
É importante que possamos trazer experiências de empreendedores que passaram por isto. Não apenas ressaltar o bucólico mundo dos bem sucedidos. A interação e a troca verdadeira podem ser o caminho para ajudar um empreendedor em um momento complexo.
A depressão entre empreendedores é uma realidade muitas vezes negligenciada. O estresse, a incerteza e a solidão podem levar a problemas de saúde mental que afetam não apenas os empreendedores individualmente, mas também seus negócios. É fundamental reconhecer esses desafios e promover um ambiente empreendedor mais saudável, onde a saúde mental seja valorizada e apoiada.
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