Estou com saudade dos tempos em que lacrar era fechar com cola, ou com selo de chumbo… Não faz ainda muitos anos que fui apresentado ao novo conceito de “lacrar”: que em português corrente nada mais é do que uma forma em regra agressiva e autoritária de tentar colocar fim a uma discussão com um argumento de autoridade, não raramente irônico ou sem qualquer fundamento, depreciativo da opinião alheia e impermeável à crítica ou ao debate. Um fenômeno típico das redes sociais e que se popularizou a ponto de se ouvir falar em “lacração”, “lacrador” e até em “lacrosfera”.
Infelizmente, superamos já o momento em que os lacradores se restringiam a vídeos cômicos no youtube ou tweets quase engraçados. Hoje eles também estão presentes no mundo oficial: em pronunciamentos, coletivas de imprensa, notas, cartas abertas e até em decisões judiciais. Colocar a sua opinião passa a ser mais importante do que resolver o problema; ser o último a falar tem mais importância do que o conteúdo da mensagem; e diminuir o “adversário” é, comumente, o centro motor de cada passo.
Eu vim trabalhar com o governador há um ano, a se completarem nesta semana, e desde o começo percebo nele uma atitude que tento reproduzir com orgulho: trabalhar é mais importante do que falar; resolver o problema é mais importante do que ter razão; engajar em discussão com quem quer apenas discutir toma tempo e energia que deveriam ser dedicados a questões concretas.
Lacrar, na pandemia, não é dar opinião sobre tudo, inclusive sobre o que não se entende. Nem pode ser ficar reclamando do que não foi feito como se isso resolvesse o problema. Lacrar, na pandemia, é ter o menor índice de óbitos no Sul e Sudeste. É dobrar o número de leitos de UTI em funcionamento sem permitir que eles reduzissem com o tempo. É continuar como um dos melhores estados na reação à nova onda, repetindo o êxito da primeira, sem nunca “comemorar” esse resultado, porque nada trará de volta aqueles que não puderam ser salvos.
Atualizado em 05/12/2021 às 04:20
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